Lançados mapas para a gestão do Sistema Aquífero Integrado Guarani/Serra Geral em SC

29/10/2020 11:21

Como resultado consolidado do Componente 1 e sua Meta 1 (M1C1), o Projeto Rede Guarani/Serra Geral (RGSG), por meio dos laboratórios de Análise Ambiental e de Hidrogeologia da UFSC, lança os mapas de Blocos Hidrogeológicos, Vulnerabilidade Natural e Risco à Contaminação das águas subterrâneas do Sistema Integrado Guarani/Serra Geral (SAIG/SG) em Santa Catarina. Acompanhados da nota técnica, os mapas são importantes instrumentos para a tomada de decisão de órgãos e instituições protagonistas na gestão de águas, como a Secretaria do Desenvolvimento Econômico Sustentável – SDE, concessionárias de águas, a Epagri, os Comitês de Gerenciamento de Bacias Hidrográficas,  Prefeituras Municipais entre outros.

O projeto, que contou com o financiamento da Agência Nacional de Águas (ANA), através do CNPq e Caixa Econômica Federal e da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina – FAPESC, apresenta os resultados de mais de dez anos de pesquisas e que buscaram diagnosticar como o maior e mais importante sistema aquífero de SC funciona e responde às pressões civilizatórias.

O Mapa de Blocos Hidrogeológicos apresenta a estruturação geológica espacial dos terrenos que abrigam o SAIG/SG, revelando que o sistema aquífero encontra-se compartimentado em porções menores. Como implicação desse resultado o estudo traz o diagnóstico de desconexão lateral e vertical das principais camadas e níveis que armazenam e conduzem águas subterrâneas, podendo inclusive serem estabelecidas zonas de limitado potencial de explotação de águas. A partir do modelo estrutural diagnosticado fica evidente que devemos, quanto antes, definir limites de exploração e estratégias conservacionistas de uso desse inestimável recurso natural.

O Mapa de Vulnerabilidade Natural traz a definição de regiões com menor e maior capacidade de reter as contaminações geradas em superfície por atividades humanas. O estabelecimento de classes de vulnerabilidade permite aos gestores das águas, terem maior clareza sobre quais áreas e aspectos do meio físico devem receber maior atenção no que tange ao licenciamento de atividades antrópicas.

Já o Mapa de Risco à Contaminação, revela de quais formas os usos da terra em superfície podem afetar a qualidade das águas subterrâneas, o que permite exigir melhor adequação das atividades humanas poluidoras exercidas em superfície ou que virão a ser implantadas.

Cada um dos mapas apresentados conta com uma legenda autoexplicativa e para todos há uma nota técnica, que traz os demais detalhes acerca das metodologias científicas utilizadas para a elaboração dos produtos gráficos. Além dos mapas, o estudo está disponibilizando também bases geoespaciais, que permitem a inserção das informações em aplicativos de gestão geográfica, facilitando o trabalho dos técnicos que utilizarão os dados e permitindo o seu detalhamento e permanente atualização. Recortes específicos contendo as áreas de abrangência dos comitês de bacias hidrográficas também estão disponíveis.

A nota técnica traz ainda um capítulo dedicado a Gestão integrada, integradora e inclusiva, colocando a necessidade da adoção de ações em escala local com a participação popular, capazes de atender as exigências de decentralização da gestão de águas, prevista na legislação brasileira.

Em cinco anos de desenvolvimento, o sub-projeto RGSG-M1C1 gerou sete trabalhos de conclusão de curso, uma dissertação de mestrado e quatro teses de doutorado, que vieram somar-se aos demais produtos do Projeto Rede Guarani/Serra Geral, beneficiando direta e indiretamente a comunidade catarinense.

Todas as informações, bem como os links de acesso à nota técnica e às bases cartográficas digitais estão disponíveis nas páginas dos laboratórios de Análise Ambiental e de Hidrogeologia da UFSC.

Texto: Arthur Nanni

Revisão: Luiz Fernando Scheibe

 

Estudo aponta nova compartimentação do SAIG/SG em Santa Catarina

03/01/2019 00:00

Análise morfométrica a partir das anomalias topográficas em rios principais de SC.

O estudo Blocos hidrogeológicos do Sistema Aquífero Integrado Guarani/Serra Geral em Santa Catarina, tema do trabalho de conclusão de curso em geologia da geóloga Leila Amaral, buscou, através de análises morfométricas, estratigráfica e geológicas, melhorar a delimitação de possíveis blocos hidrogeológicos do Sistema Integrado Aquífero Guarani/Serra Geral em Santa Catarina (SAIG/SG). O estudo visa contribuir com a gestão de recursos hídricos, promovida pelo Projeto Rede Guarani/Serra Geral e é uma parceria entre o Laboratório de Hidrogeologia e o Laboratório de Análise Ambiental da UFSC.

Análises morfométricas foram desenvolvidas para determinar as assimetria de bacias, o índice de gradiente, o índice de concentração de rugosidade e de lineamentos estruturais. Uma confrontação entre perfis longitudinais de drenagem e curvas de melhor ajuste foi realizada para os rios principais que ocorrem na área de estudo.

A análise das geomorfoestruturas evidenciou a influência da tectônica na compartimentação hidrogeológica do SAIG/SG, indicando a ocorrência de sistemas de falhas normais marcadas ao longo dos perfis longitudinais de drenagem e por meio de mudanças litológicas, grandes rupturas de declive com valores anômalos do índice de gradiente e mudanças abruptas do índice de concentração de rugosidade.

O estudo conseguiu  melhorar as respostas de estruturas geológicas delimitantes de blocos hidrogeológicos no SAIG/SG ora propostas no estudo Geomorfoestruturas e Compartimentação Tectônica do Sistema Aquífero Integrado Guarani/Serra Geral no Estado de Santa Catarina, Brasil, realizado em 2015 por Descovi Filho. As investigações e análises seguem em desenvolvimento, pois precisam ser confirmadas ou não em novos estudos de maior detalhamento.

Tags: blocos hidrogeológicosGeologia estruturalgestão de águasSAIG/SG