Estudo de interação aquífero-rio mostra relações entre mudanças de uso da terra e descarga de águas subterrâneas
Em dezembro de 2017, Geovano Pedro Hoffmann apresentou os resultados de sua dissertação de mestrado intitulada Efeitos da modificação do uso da terra sobre o comportamento do escoamento em área de descarga do Sistema Aquífero Integrado Guarani/Serra Geral.
O estudo de caso foi desenvolvido na área que abrangeu a seção da porção superior da Bacia Hidrográfica do Rio Canoas/SC, tendo como exutório, a estação hidrometeorológica Vila Canoas/SC, na qual estão inseridos os municípios de Urubici, Rio Rufino e pequena parte do município de Bom Retiro.
A pesquisa envolveu a estimativa da recarga e descarga de águas subterrâneas do SAIG/SG, por intermédio das velocidades médias do escoamento superficial definidas por meio de geoprocessamento de imagens aéreas e orbitais e, das vazões do Rio Canoas em períodos de recessão.
Os resultados mostram que a etapa do escoamento subterrâneo, no contexto do ciclo hidrológico dos últimos 60 anos, foi menor no cenário de 1957-1976, por conta da cobertura da terra, que compartilhava pastos, florestas e áreas cultivadas, que incentivavam a conversão da precipitação em escoamento superficial e, cujas velocidades foram mais elevadas do que nos cenários posteriores, compreendendo os períodos entre 1976-1997 e 1997-2017.
A confirmação de tal característica foi também realizada através da estimativa da descarga de águas subterrâneas, através do comportamento registrado para fluxo de base do Rio Canoas no mesmo período avaliado. A tendência geral do comportamento do escoamento, de 1957 a 2017 (período total avaliado), indica o aumento da recarga subterrânea anual e a redução das velocidades médias do escoamento superficial, principalmente pela expansão das áreas de florestas nas encostas onde havia atividades com agricultura e pecuária, o que permitiu o aumento da capacidade de infiltração e armazenamento no SAIG/SG. Assim, corroborando com esse dado, houve um aumento das vazões registradas durante os períodos de recessão (fluxo de base).
A pesquisa, financiada pelo projeto Rede Guarani/Serra Geral, inova no âmbito de trazer uma metodologia que pode ser aplicada na estimativa de recarga e descarga de águas de unidades aquíferas, para bacias hidrográficas onde não há informações contínuas e históricas acerca das vazões.
Texto: Geovano Hoffmann
Revisão: Arthur Nanni