Estudo aponta nova compartimentação do SAIG/SG em Santa Catarina

03/01/2019 00:00

Análise morfométrica a partir das anomalias topográficas em rios principais de SC.

O estudo Blocos hidrogeológicos do Sistema Aquífero Integrado Guarani/Serra Geral em Santa Catarina, tema do trabalho de conclusão de curso em geologia da geóloga Leila Amaral, buscou, através de análises morfométricas, estratigráfica e geológicas, melhorar a delimitação de possíveis blocos hidrogeológicos do Sistema Integrado Aquífero Guarani/Serra Geral em Santa Catarina (SAIG/SG). O estudo visa contribuir com a gestão de recursos hídricos, promovida pelo Projeto Rede Guarani/Serra Geral e é uma parceria entre o Laboratório de Hidrogeologia e o Laboratório de Análise Ambiental da UFSC.

Análises morfométricas foram desenvolvidas para determinar as assimetria de bacias, o índice de gradiente, o índice de concentração de rugosidade e de lineamentos estruturais. Uma confrontação entre perfis longitudinais de drenagem e curvas de melhor ajuste foi realizada para os rios principais que ocorrem na área de estudo.

A análise das geomorfoestruturas evidenciou a influência da tectônica na compartimentação hidrogeológica do SAIG/SG, indicando a ocorrência de sistemas de falhas normais marcadas ao longo dos perfis longitudinais de drenagem e por meio de mudanças litológicas, grandes rupturas de declive com valores anômalos do índice de gradiente e mudanças abruptas do índice de concentração de rugosidade.

O estudo conseguiu  melhorar as respostas de estruturas geológicas delimitantes de blocos hidrogeológicos no SAIG/SG ora propostas no estudo Geomorfoestruturas e Compartimentação Tectônica do Sistema Aquífero Integrado Guarani/Serra Geral no Estado de Santa Catarina, Brasil, realizado em 2015 por Descovi Filho. As investigações e análises seguem em desenvolvimento, pois precisam ser confirmadas ou não em novos estudos de maior detalhamento.

Tags: blocos hidrogeológicosGeologia estruturalgestão de águasSAIG/SG

TCCs da geologia revelam características do SAIG/SG no oeste de SC

25/12/2017 03:22

Nos dias 29 e 30 de novembro foram apresentados dois trabalhos de conclusão do curso de Geologia. Os estudos são fruto das atividades do Laboratório de Hidrogeologia da UFSC em parceria com o  Laboratório de Análise Ambiental, Rede Guarani/Serra Geral e Comitê Jacutinga.

Ericks Testa apresentando os resultados de seu estudo.

O estudo Caracterização hidroquímica e estrutural do Sistema Aquífero Integrado Guarani/Serra Geral nos municípios de Águas Frias e Quilombo, SC, cujos resultados foram apresentados por Mariana Muniz Blank, demonstrou a ocorrência de ascensão de águas com maior tempo de residência, oriundas do Sistema Aquífero Guarani (SAG) e/ou aquíferos permianos que recarregam o Sistema Aquífero Serra Geral (SASG). O fenômeno é evidenciado através do enriquecimento em sulfato, cloreto, sódio, sólidos totais dissolvidos que, como consequência, refletem em uma alta condutividade elétrica registrada em águas do SASG. Estas águas, que diferem em termos hidroquímicos das águas típicas do SASG (bicarbonatadas cálcicas e bicarbonatadas cálcicas magnesianas), encontram-se associadas principalmente a lineamentos de direção NW, correspondentes aos lineamentos de maior comprimento na região. O estudo permitiu ainda a verificação da condição potenciométrica local do SAG, cujo alto grau de confinamento faz com que haja  a geração uma superfície potenciométrica que, por vezes, intercepta a superfície do terreno e permite a surgência espontânea de águas profundas, observadas em ambos municípios. Este cenário de mistura das águas ressalta o caráter integrado dos sistemas aquíferos, a necessidade de uma gestão integrada, que contemple a restrição às atividades de fraturamento hidráulico (fracking) na região.

O outro estudo, intitulado Qualidade das águas subterrâneas de consumo humano nas comunidades rurais da Bacia Hidrográfica do Rio Jacutinga, Oeste de Santa Catarina, foi apresentado por Ericks Henrique Testa.  O estudo compreendeu a caracterização da qualidade das águas de consumo humano provenientes do Sistema Aquífero Serra Geral (SASG) na Bacia Hidrográfica do Rio Jacutinga e a elaboração de um Índice de Qualidade das Águas Subterrâneas (IQAS). A aplicação do índice mostrou que na maioria dos poços estudados, as águas ainda têm sua qualidade preservada. Porém, em 10% destes, os baixos valores do índice revelam uma mudança desse panorama favorável. Nesse contexto, fatores externos (como a presença de E. coli), aliados a elevada frequência de problemas construtivos, além das características naturais do SASG, como as altas concentrações de Fe e Mn, comprometem a qualidade dessas águas. Dessa forma, o IQAS, elaborado em parceria com o Comitê do Rio Jacutinga, mostrou-se uma importante ferramenta de gerenciamento do SASG, no que diz respeito à qualidade de suas águas para consumo humano. Por fim, o trabalho procurou discutir as potencialidades hídricas da bacia, principalmente onde o abastecimento por água subterrânea está comprometido, revelando que a gestão integrada das águas, considerando as diversas formas de captação (águas de chuvas, superficial, subsuperficial e subterrânea) é a melhor maneira de manter a qualidade e quantidade de água nessa região.

Texto: Mariana Blank e Ericks Testa

Revisão: Arthur Nanni

Tags: FrackingFraturamento hidráulicoGestão integradaSAGSAIG/SGSASG